Para falarmos de adaptação temos que falar da relação professores e pais, é fundamental que entremos nesse contexto.
Por quê? A adaptação é um processo que não acontece somente por intermédio do professor, ou por suas ações, ela depende muito da família.
Vamos falar de como podemos fazer a interação coma a família para que ela possa ajudar a criança, a família não vai ajudar, diretamente, você professora. Quem está precisando de ajuda, de apoio nesse momento é a criança.
O profissional da educação deve estar preparado para lidar com esse momento, mas a criança não, então é ela quem precisa de muita ajuda.
Eu vou começar falando sobre isso, pois existe muita gente com receio de pedir ajuda para a família, que a família possa pensar que você não sabe fazer seu trabalho. Esqueça isso.
O foco é a criança.
Criança, professores e pais. Os três elos da adaptação!
Quando falamos de adaptação, nos referimos a um momento extremamente delicado na vida dos professores, das crianças e dos pais. Esses três elos ficam muito vulneráveis nesse período, ficam muito preocupados, pensativos, aparecem muitas dificuldades nesse momento.
No caso dos professores todo ano é uma vida nova, algumas vezes a escola é nova, todo o ano é uma turma diferente, por mais que você tenha ficado com a mesma turma do ano anterior, sempre muda algum aluno, eles estão mais velhos, é outro momento das suas vidas, enfim, sempre tem essa diferença.
Os professores também ficam um pouco apreensivos sobre como será o ano, sobre os pais dos alunos, etc, todo o ano é novo para o professor, não importa quantos anos de profissão você tenha.
Para a família a dificuldade é muito maior, você pode ter vinte filhos, e cada filho é diferente, a família terá medo de deixar na escola, vai ficar apreensivo, vai se preocupar e muitas vezes, chorar. Por isso os pais passarem por algumas dificuldades, por um processo de separação, de insegurança e indecisão é comum.
No caso da criança não precisamos nem falar. Se a professora passa por esse processo e se prepara psicologicamente, e com conhecimento e técnicas, se a família passa por tudo isso, imagine a criança. Ela precisa de muito apoio de muita atenção e carinho, de muito cuidado e segurança.
A família vai precisar de muita informação.
Já identificamos os três participantes, vamos dizer assim, do processo, as três pessoas principais: a professora, a família, e a criança. Esses três vão precisar de coisas diferentes, de ajuda, de informação.
Você professora já está começando o seu papel magnificamente bem, pois já está se preparando para esse momento, uma preocupação ativa, onde você busca informações e maneiras de estudar sobre a questão, de se preparar para o seu papel. Eu te parabenizo por isso.
Só por você ter essa atitude, essa responsabilidade de estar aqui buscando um aprendizado eu quero te dar os parabéns, e dizer o quanto você é incrível e importante no progresso do nosso país, e na construção de novos cidadãos.
Agora vamos falar sobre a família. Eu costumo falar que aquela frase usada em propagandas “quando nasce um bebê, nasce uma mãe” é uma grande mentira, filho não vem com manual de instruções e nem com um curso para você aprender a lidar com ele.
Se a gente faz tanto curso para trabalhar na educação, estuda o desenvolvimento da criança, estuda metodologia, soluções, o comportamento infantil, estudamos tanta coisa para trabalhar com criança, imagine a família que não tem esse conhecimento. Eles não têm a menor idéia do que fazer com a criança. Assim é na maioria das famílias.
Aí chega o dia que eles vão ter que levar a criança para a escola, se não houver um cuidado prévio, se essa família não for ensinada de como agir, quanto menos a família for informada maior serão seus problemas.
Se você tiver algum tipo de reunião inicial, se puder conversar antes, enviar um bilhetinho, se puder gravar um vídeo para a família, qualquer coisa que possa fazer para orientar a família vai te ajudar depois no processo de adaptação.
Se você não fizer nada disso vai dificultar seu processo de adaptação, porque eles vão fazer coisas que não são legais, e não favorecem a adaptação da criança, vai atrapalhar de uma certa forma o seu trabalho, além de prejudicar a criança.
Então tudo que você puder passar de informação para os pais antes é muito bem vindo.
Como as famílias podem ajudar na adaptação?
Vamos para a parte prática. O que a família pode fazer e como você pode orientá-los.
Primeiramente a família deve estar muito segura da escolha que ela fez, não pode em hipótese alguma falar sobre alguma dúvida que tenha sobre a escola na frente da criança não importa quão nova ela seja.
A criança vai sentir suas incertezas, o que a mãe está sentindo a criança também sente, e ela vai tender a chorar mais no processo de adaptação.
O que a família tem que fazer é ser muito positiva. Falar coisas positivas sobre a escola e as professoras para a criança, conte sobre novos amiguinhos, os brinquedos, fale de maneira feliz.
Precisamos dar autonomia para a pessoa focando no positivo, e encorajando, isso faz muita diferença, e é a mesma coisa com bebês, crianças pequenas, não importa a idade.
Lembrando que crianças chorarem na adaptação é normal.
E quando a mãe chora?
Agora vamos falar do choro da mãe. Quando somos mães, principalmente de primeira viagem, é quase impossível não chorar.
O que temos que pedir para a família, para a mãe, é para fazerem o possível para só chorar depois que estiverem longe dos olhos da criança.
Deve-se evitar ao máximo chorar na frente da criança. Todas as mães vão conseguir? Não. Mas devemos orientar que se a criança ver o choro ela vai ser prejudicada, nesse caso é melhor não demonstrar sentimento de tristeza na frente da criança. O quanto mais puder orientar a família a não chorar na frente da criança melhor.
O que fazer quando a criança chora?
E o choro da criança? Isso é normal, ela está chegando em um lugar que ela não conhece, ela está muito ligada a família. É fato que ela vai chorar. Como professora não tem nada que possamos fazer além de acolher.
Grave essa palavra: acolher.
A criança quer e precisa ser acolhida, ela precisa de colo, de abraço, de calor humano, ela precisa ouvir da sua boca que ela é muito importante para você.
A maioria dos professores enche a boca para falar que ama as crianças, é nessa hora que você tem que não só saber se você ama, mas deve demonstrar todo seu amor pela criança.
Não existe momento mais importante e oportuno para demonstrar amor que a adaptação. Eles precisam ouvir que são importantes e sentirem-se seguros.
Vamos pegar os bebês no colo, vamos abraçar, e vamos mudar o foco. Não fique falando sobre a mãe ou família com a criança, converse com ela, fale que ela é importante, que você está feliz que ela está lá, e acabou, mude o foco.
Nunca diga que a mãe já vem, isso fará com que você perca a confiança da criança. Cuidado com o que fala, a noção de tempo da criança é diferente da nossa.
Não minta para a criança jamais.
É melhor a mãe se despedir e ir embora mesmo com a criança chorando? Se formos pensar nos termos da psicologia a mãe não deve ir embora com a criança chorando.
A mãe precisa ficar acalmar a criança, e passar segurança até que ela fique bem. Esse é o ideal. Infelizmente não é sempre que podemos fazer isso na escola, existem escolas mais fáceis e outras não, pais que conseguem participar mais do processo e outros menos.
O melhor para a criança é a família ficar com ela dentro da escola, mostrar a escola, a professora, acalmar a criança, e só ir embora quando a criança tiver se sentindo segura. A criança não deveria se sentir abandonada pela família nunca.
Passe segurança para a família!
Nós como professores temos que passar segurança e confiança para a família. E como fazemos isso?
A primeira dica é olhar no olho da pessoa que for entregar a criança e garantir que ela pode ficar tranqüila que a escola irá cuidá-la tão bem quanto ela, diga que o bebê é muito importante para você. Tenha uma postura firme e educada, fale com carinho e confiança mesmo que você esteja apavorada.
Dê o seu melhor. Você deve procurar passar confiança e alegria para a família e a criança.
Cuidado não só com sua postura, mas também sua aparência. Procure levar uma roupa extra. Seja simples e objetiva com sua aparência, e ao mesmo tempo arrumada, higiênica e organizada. Cuide da sua imagem.
Dicas importante:
- Família: informar a família com o máximo de informações que conseguirem, seja indicando um vídeo, fazendo um informativo, um folheto de dicas, o que quer que seja que você possa fazer.
Aqui tem um vídeo que eu gravei para as famílias com dicas fundamentais para a adaptação. Copie o link e envie aos familiares dos seus alunos. https://youtu.be/bWpjndUyyEE
- Professores: tente obter tudo que puderem para conhecer o seu aluno, peça para a família fazer um relatório, tudo que a família contar para você da criança será bom. Você não precisa decorar tudo de cada criança, mas ter uma idéia de cada uma.
- A criança: ela precisa sim de colo, precisa de atenção, precisa de abraço e carinho. Choro se acalma com carinho colo e abraço, são as três principais coisas. Se você tiver muita criança, e não tiver condição de dar colo, faça isso o mais rápido possível e mude o foca da criança, tente entretê-la com algo ou alguma atividade.
- Muita, muita, muita paciência.
- Importantíssimo: não compare as crianças. Cada criança é única, umas choram mais e outras menos e está tudo bem, expressar sentimento é importante.
- A questão da segurança vale para todo mundo, se você se coloca em uma postura confiante você fica mais segura, a família fica mais segura, e a criança fica mais segura.
- Na fase de adaptação não se preocupe com as atividades em si, nessa fase o mais importante não é a atividade em si, ela já está vivenciando muita coisa. Procure levar coisas simples que as crianças possam brincar sozinhas e sejam seguras.
- Não fale para a família ir embora escondida da criança. Isso pois prejudica a adaptação da criança. O familiar deve se despedir da criança, nunca tente enganá-la. Se coloque no lugar da criança.
- E por último cuidado com seus pensamentos, se você estiver com pensamentos negativos sobre a adaptação, estiver de má vontade, ou com medo, a criança vai sentir e não irá se acalmar. A criança sente o que a gente sente. Então vá verdadeiramente disposta a fazer o seu trabalho.
Espero que o próximo período de adaptação que você vivenciar no Berçário ou na Creche seja mais leve e cheio de segurança depois de praticar as sugestões desse texto.
Deixe seu comentário abaixo.
Beijo
Vivian Mazzeo
Boa noite! Muito obrigada. Amei essas dicas vou por todas em prática.
Olá, Maria! Poxa, ficamos felizes em saber que tenha gostado, muito obrigada!
Gabi – Equipe Vivian Mazzeo