Cinco passos para as famílias participarem mais das atividades escolares

Prepare-se! Eu vou contar para você cinco coisas em que deve prestar atenção, um checklist de cinco pontos que você tem que se atentar e dominar para melhorar o engajamento das famílias nas suas aulas.

Vou falar sobre essa questão de participação das famílias, tanto nas aulas remotas, seja ao vivo ou gravado, como na própria escola, para quem já retornou, e para quem irá retornar em breve.

Nós sabemos que esse processo do cuidar e educar, principalmente na educação infantil, depende muito da participação da família.

É fundamental que a família faça parte desse processo para que a criança consiga ter todas as oportunidades de se desenvolver e ser feliz.

Para isso é preciso que as famílias estejam bastante conectadas com os professores.

Além disso, na educação infantil, essa conexão da família, essa participação deles, é um fator que facilita muito nosso trabalho no dia a dia. Porque quando a família trabalha na mesma linha de pensamento, na mesma intenção, no mesmo formato que a professora, consequentemente, esse alinhamento de idéias e ações com a criança traz muitos resultados positivos.

Não cria aquela confusão na cabeça da criança que uma hora é de um jeito, e outra hora é do outro, em casa pode e na escola não, ou vice-versa, então é muito importante que tudo isso seja bem alinhado.

E para isso ser de fato alinhado, seja nas aulas remotas, seja nas aulas presenciais, nós vamos falar aqui de cinco etapas que você precisa levar em consideração.

Sempre que você perceber que as famílias não estão participando o tanto que você gostaria, você vai recorrer a esses cinco passos, vai refletir sobre eles, vai ver em qual deles você está falhando, em qual deles você pode melhorar, para melhorar também a participação da família dos seus alunos.

Primeiro passo: COMUNICAÇÃO

A comunicação é o primeiro ponto para você ficar atento.

Como assim comunicação, Vivian? Comunicação em que sentido?

Comunicação com a família o tempo todo!

Para que eles saibam o que está acontecendo, para que saibam como está sendo o seu trabalho, para que saibam como agir em diferentes situações. Sempre coloque a família a par do que está acontecendo, ou do que precisa acontecer.

A comunicação é fundamental.

Às vezes nós achamos que algumas coisas são óbvias, nos esquecemos de comentar alguma coisa com a família ou de avisar algo, mas é importante comunicarmos tudo sempre para a família.

Comunicar com antecedência, mandar recado, bilhete, fazer vídeo, da forma que for, mas comunicar com antecedência.

…Ah mas muito antes a família vai esquece!? É importante comentar antes, informar as coisas antes, avisar antes. Seja data de reunião, data de festinha, passeio de escola, tudo que for feito na escola, todas as situações devem ser comunicadas com antecedência para a família poder se organizar. E depois você reforça até chegar próximo da data.

Então anote aí: comunicação clara, comunicação objetiva e com antecedência.

Segundo ponto: FORMA DE FALAR

A forma de falar também é essencial, por quê? Ela precisa ser clara e objetiva, e ao mesmo tempo ela precisa atender as expectativas, atender as necessidades da família.

Nós não podemos deixar ali uma informação truncada que a família vá falar “nossa agora eu não sei bem se é nessa terça-feira ou na próxima” ou “nossa agora não entendi direito se é para trazer palito de dente ou de sorvete”.

Então precisa ser uma comunicação bem clara, bem objetiva.

Para você pode parecer muito evidente, por exemplo, isso que comentei antes do palito. Se eu digo que “na próxima aula vamos precisar de palito”, para nós é meio óbvio que não vamos usar palito de dente com criança pequena, mas para a família não é óbvio.

Esse comunicar, além da clareza, da precisão e da objetividade deve ser de uma forma imponente, de uma forma bacana, conversar com a família de uma maneira que eles te vejam como referência na educação.

É importante que a família, em todo momento, perceba que realmente o filho deles está com a melhor professora que eles poderiam ter.

Apesar dessa não ser uma decisão da família, é uma decisão da escola. Tanto na escola pública quanto na particular, a família não tem nenhum poder com relação à escolha do professor, mas a família precisa sentir que teve muita sorte ao nos ter como professores.

Quando eu falo isso tem muito professor que fala “nossa, mas professor já tem tanta coisa para fazer, e mais isso, ainda tem que se preocupar com a família”? 

A forma como a sociedade vê o profissional faz muita diferença na nossa valorização, tanto na valorização pessoal quanto na profissional.

Nós precisamos preocupar-nos com a nossa postura, com as nossas atitudes, para levar sempre o melhor para as famílias dos nossos alunos.

Terceiro ponto: ORGANIZAÇÃO

Nós até podemos achar que a família não percebe, mas se nós temos um trabalho um pouco desorganizado, se não temos muito o costume de anotar as coisas, de ter um cronograma, de ter uma rotina, uma agenda, de colocar datas para tudo, de uma forma ou outra em algum momento a família vai perceber que a professora é desorganizada.

E desorganização é bem ruim para o nosso trabalho.

Então, encontre a sua melhor forma para organizar-se!

Quarto ponto: PONTUALIDADE

E quando falo de pontualidade eu já estou englobando nessa pontualidade um monte de coisas. Vamos lá…

Se você falar para a família, por exemplo, que vai enviar a roupa de cama suja toda segunda-feira, então você tem que enviar na segunda-feira, salvo uma exceção ou outra, um dia que vai dar alguma coisa diferente, e se nesse dia você não mandou vai enviar uma justificativa.

Claro que às vezes acontece algum imprevisto, mas você precisa cumprir sempre com os seus combinados e a sua palavra.

Chegar no horário, ir embora no horário, entregar as crianças da maneira que foi combinada e no horário que foi combinado.

Se você está fazendo as aulas remotas agora, seja ao vivo ou gravado, vai entrar ao vivo no horário combinado, se for gravado deve enviar no dia e hora combinados.

Ser pontual é fundamental para que as famílias cumpram com a parte delas também. Primeiro nós temos que mostrar com atitudes aquilo que queremos então, provavelmente, vamos receber exatamente aquilo que estamos emanando.

Se eu for pontual eu tenho mais chances de as pessoas serem pontuais comigo.

Eu vejo em várias escolas que têm famílias que muitas vezes deixam de participar de reunião ou de alguma atividade porque elas se cansam de esperar.

Sabe quando tem reunião de pais ou festinha, e os professores ficam agitados e preocupados porque não chegou ainda um ou dois alunos, aí tem dança, ou alguma apresentação e o professor fica adiando para começar? Os pais que são pontuais ficam cansados disso, ficam saturados, e cada vez vai aumentando o número de pais que chegam atrasados ou não vão.

Então é importante começar no horário sempre. É triste quando a criança fica de fora porque ela não tem culpa. É difícil na hora? Claro, mas é preciso.

Primeiro isso precisa ser avisado “olha pontualidade é um pré-requisito muito importante para nós, faz parte da educação das crianças aprenderem a ser pontual”.

E ser pontual, apesar de ser uma obrigação, é um respeito com a outra pessoa.

…Ah Vivian, mas se nós falarmos de crianças pequenas, se falarmos de crianças de seis meses, oito meses ou dois anos eles não entendem! Eles entendem sim.

Eles não vão entender exatamente o critério de pontualidade como estamos colocando aqui. Mas eles vão entender que estão cansados de esperar, vão ficar lá esperando e ficarão ansiosos, querendo que comece logo, vão se cansar e perceber que aquilo não é legal.

As crianças aprendem com o exemplo.

E não só as crianças aprendem com o exemplo, mas as famílias também. Porque apesar de pontualidade ser um pré-requisito que o adulto já deveria ter construído, e já deveria cumprir, às vezes acontece da família não conseguir colocar esse senso de pontualidade na formação de uma criança.

Nós da educação infantil recebemos muitas mães e pais bem novinhos, eles acabaram de sair lá da adolescência, saíram da casa dos pais, tiveram filhos, muitos estão aprendendo na vida no dia a dia a ser pontual, estão começando a ter mais responsabilidade.

…Ah Vivian, mas isso não é problema meu, eles já deveriam ser pontuais, a família já tinha que ter ensinado isso!

Depende do ponto de vista.

Eu entendo você dizer que não é problema seu. Claro que o adulto já deveria ter construído isso, a função da professora não é diretamente com a família, concordo com tudo isso.

Mas eu penso que essa atitude é tão simples que devemos colocar como corriqueira para a nossa escola e para a nossa vida.

Essa questão dos horários é para tudo, inclusive agora com as aulas remotas. Se falarmos que vamos mandar vídeos para as crianças com atividades toda segunda feira, tem que ser no dia, se falarmos que o vídeo vai ser encaminhado as duas da tarde, tem que ser naquele horário.

Essa pontualidade gera valor para a família, e gera muito respeito.

Se a família perde o respeito pela professora, se acha que a professora não está à altura do filho vai falar “essa professora já deu o que tinha que dar, nessa reunião eu não vou”. 

Aí você vai perdendo o engajamento porque a pessoa não está te valorizando, não está te vendo com bons olhos, a mesma coisa nas aulas remotas.

Perder a sua credibilidade faz com que caia o engajamento das famílias.

Quinto ponto: CONEXÃO

Essa questão da conexão é um pouco complicada. E por quê?

Nós somos seres humanos, e seres humanos são passíveis de erros, eles erram, eles acertam, alguns estão a todo o momento querendo melhorar, outros que não pensam em melhorar, estão estagnados.

E nós temos algumas dificuldades no dia a dia que são normais, vamos gostar mais de algumas pessoas e menos de outras, vamos ter mais facilidade com algumas famílias e menos com outras, tudo isso é normal, faz parte do processo e da nossa vida.

Isso por um lado é muito bom, por isso temos vários profissionais, para que quando formos escolher um serviço possamos escolher o de nossa preferência.

Só que os pais dos meus alunos eu não posso escolher, a família dos meus alunos eu não posso escolher.

E qual é a dificuldade que tem nisso? Eu vou ter um grupo de família, e eu vou ter mais afinidade e facilidade com alguns, e menos com outros, até aí é normal.

O que o professor tem que entender nesse ponto é que é preciso buscar gerar conexão com todos os pais, por mais que isso seja difícil, e é, mas nós precisamos buscar gerar essa conexão.

Pode acontecer de ter uma família da qual não gostamos, e se formos pensar bem quem nunca passou por isso?

Você já deve ter pensado “gente do céu eu não tenho paciência com essa mãe, ela não me fez nada, mas não tenho paciência, que coisa ruim”.

E agora eu vou dar um desafio mega difícil para você, mas também super necessário, que é conseguir gerar essa conexão também com as famílias que não temos muita afinidade.

Se você tem aquela mãe, pai, avó, quem quer que seja, com quem não simpatiza, você vai parar e vai começar a pensar assim:

            “…chegou a mãe do João, que legal vou ter uma outra oportunidade de vê-la com outros olhos”;

            “… nossa a mãe do João é super legal, vai dar super certo quando nos encontrarmos”;

            “… a mãe do João está chegando aí, que oportunidade ímpar terei de mudar a visão que tenho dela”.

Você vai condicionando a sua mente que aquilo é legal, que é bom e vai dar certo para desconstruir essas dificuldades que tem.

Esse é um exercício para a vida, não só para a escola.

O nosso cérebro acredita no que falamos. Então sempre temos que pensar de uma forma bacana e produtiva.

Outro ponto importante que devemos refletir é que para gerar conexão com as famílias é necessário desconstruir esse negócio de “ajudar”.

Os pais não têm que ajudar os professores. Os pais precisam fazer a parte deles, o que é diferente.

Ajudar é uma palavra muito complicada. Quando você está dizendo “ajudar” está dizendo que a responsabilidade é toda sua, e que alguém vai vir para te auxiliar a cumprir a sua responsabilidade.

Quando a família conversa com a professora, quando a família troca informação com a professora, quando participa das coisas da escola, ela não está ajudando a professora, nem ajudando a criança, ela está fazendo a obrigação dela de família.

É uma parceria, um trabalho colaborativo.

A família precisa ser parceira, é isso que gera conexão.

Vamos supor que estamos em uma reunião no começo do ano, e eu falo “ …pessoal são essas as informações que eu tinha para passar para vocês, eu espero que tenhamos um ano maravilhoso, da minha parte eu vou dar meu 100% com os filhos de vocês, atendendo cada um dentro das suas necessidades, dando meu máximo, colocando todo meu conhecimento, toda minha prática, toda a minha bagagem para favorecer o desenvolvimento dos filhos de vocês. Só que eu preciso que vocês também façam a parte de vocês. Esse é um trabalho colaborativo, um trabalho em parceria. Só a escola não funciona, assim como só a família não funciona, nós precisamos trabalhar juntos”.

 É isso.

Agora se eu falar assim “olha eu estou aqui à disposição, tá? Eu conto com a ajuda de vocês”.

Viu a diferença?

Além de tirar essa coisa da ajuda, e mostrar que cada um tem o seu papel, nós precisamos gerar conexão.

E para gerar conexão você tem que estar disposta para a família, disponível, ser atenciosa com eles, procurar compreender a família.

Quando eu falo disponível, não é estar 24 horas á disposição, é quando a família precisa te fazer uma pergunta, conversar com você, questionar alguma coisa, você de fato dar atenção, responder, orientá-los dentro dos horários que você estipulou para responder.

Coloque um horário, e dentro desse horário você vai dar atendimento.

Claro que não é todo o engajamento da família, seja nas aulas remotas ou presenciais, que é responsabilidade nossa. Claro que não.

As famílias têm suas responsabilidades, nós não temos como entrar na casa da família e falar “você tem que participar da aula com seu filho, você tem que ir na festinha no dia da família na escola”, não temos como fazer isso por eles.

 O que nós podemos é sempre fazer a nossa parte, focarmos no que temos o controle. Nós temos o controle de fazer sempre o melhor, de fazer o possível para engajar as famílias, para trazê-las para perto da gente.

Não adianta ficarmos nos lamentando.

O que falei aqui são possibilidades do que você pode fazer para melhorar cada vez mais esse processo.

Ficou alguma dúvida de algum passo? Você faz diferente?

Me conta nos comentários…

Beijo

Vivian Mazzeo

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