Os meus alunos não param. O que fazer?

Eu recebi a seguinte pergunta de uma professora: “Eu trabalho em uma escola particular e nessa escola não colocam limites para as crianças, não tem muitas regras, as crianças podem fazer o que quiserem. Por ser uma escola particular eu acabo deixando, mas eu gostaria de saber como eu posso agir sem que me prejudique?”

Independente se a sua escola é particular, pública, uma ONG ou conveniada, não importa que tipo de escola seja, é importante você ter a sua convicção, ter as suas crenças, as suas ideias, a sua postura, a sua ética, a sua forma de ver independente da escola.

A partir daí você precisa agir de acordo com o que você acredita, com o que você estuda, com o que você aprende. Se você está em uma escola que você não pode fazer o que você acredita, em que você tem que agir de uma maneira que você pensa que é errada só para contribuir com a escola, eu te falo que isso não vai funcionar.

Baseado no relato dessa professora, as dicas de hoje são para as professoras que têm alunos que não param e não cumprem as regras. Se você tem alguma dificuldade com alunos que não param nem para fazer as atividades, hoje, a minha missão é dar pelo menos três dicas para você acabar ou diminuir muito esse problema.

1.ª Dica: ter combinados

A primeira dica é que você tenha os seus combinados, as suas regrinhas. Você pode dar o nome que quiser, mas é importante que você selecione algumas regras para combinar com as crianças.

Esses combinados podem ser realizados com crianças de todas as idades, pois as crianças entendem o que falamos com elas, mesmo se ela ainda não falar, por isso é muito importante falar para a criança exatamente aquilo que esperamos dela.

Como devem ser os cartazes de combinados?

O cartaz de combinado é super bacana porque apesar da criança ainda não ler, ela irá olhar para a figura e vai lembrar o que deve ser feito.

A maioria dos cartazes que vejo sempre focam no Negativo, porém os cartazes devem ser criados sempre focando no Positivo.

Focar no Positivo vai fazer com que seus alunos parem para te ouvir e eles irão fazer o que você quer que eles façam.

Vou dar um exemplo:

No cartaz está uma figura bonita com o escrito “Não bater”. Com esse cartaz a criança só sabe o que ela não pode fazer, mas ela não aprendeu o que deve ser feito ao invés de bater.

Ao contrário de fazer um cartaz “Não bater”, faça um cartaz escrito “Fazer carinho”. Toda vez que uma criança estiver tentando bater em alguém você precisa lembrá-la sobre o que ela tem de fazer “Olha aqui oh! Carinho! Fazer carinho!”

Esse é um ponto muito sério para você conseguir ter o controle da sua turma. As crianças irão te entender, te obedecer e também se comportarão da maneira mais adequada.

Ao invés de focar no problema, foque na solução, portanto, faça combinados “Carinho”, “Andando”, “Pedir” (para quando a criança quiser o brinquedo do amigo), entre outros.

Quais os combinados que devem se criados?

Os melhores combinados são aqueles que você está sentindo necessidade na sua turma, como, por exemplo, se as crianças estão brigando, vai colocar o cartaz do “Carinho”; se estão pegando o brinquedo da mão do amigo, o cartaz “Pedir/conversar”.

Cada sala tem uma característica e essas características mudam às vezes até de uma semana para outra.

Tente focar em no máximo dois pontos. Falando de berçário, você pode ter dois ou três pontos principais que precisa trabalhar com os seus alunos, então foca nesses problemas.

2.ª Dica: Atividade

Quando crianças estão ociosas e não tem um real interesse em alguma coisa, automaticamente elas ficam dispersas e elas têm atitudes inapropriadas, que não são legais. Quando a criança está percebendo algo muito legal, que ela realmente está interessada, aí sim ela fica mais focada.

É importante frisar que a criança tende a fazer o que o professor pede e conforme é ensinada.

Você precisa ter várias atividades para realizar, mas é importante lembrar que você não precisa ter um baú infinito de atividades porque você pode repetir as atividades, só precisa tomar cuidado para não repetir a mesma atividade em curto espaço de tempo para não quebrar o fator surpresa.

Fator surpresa

A criança precisa ter o fator surpresa “Uauuu!!! O que será que vai acontecer?”. Isso é fundamental para você se conectar com a criança e também para a criança se conectar com a atividade.

O fator surpresa é essencial para toda a educação infantil até os anos iniciais do fundamental, mas na educação infantil, ainda mais no berçário, o fator surpresa é indispensável.

Enfatizar a surpresa

Não importa a idade do aluno, se tem 4, 5 ou 8 meses; se tem 1 ou 2 anos; ou se a turma está toda misturada. O importante é focar na surpresa e na novidade.

Você deve sempre enfatizar a atividade como surpresa:

“Eu trouxe uma surpresa hoje, quem sabe o que é?”

“Eu quero ver quem consegue fazer isso?”

Você tem que ir envolvendo a criança e trazendo ela para esse mundo e para essa dinâmica.

Você começa a perceber que as crianças começam a dispersar, que não estão mais querendo fazer a atividade, então usa a entonação da voz na atividade para atrair novamente a criança:

“Você sabe qual é a próxima?”

“Você já sabe o que vai fazer?”

Assim eles começam a se reconectar novamente com você e assim funciona o tempo todo: eles dispersam e você reconecta.

Isso não é só na atividade, é o tempo todo: na hora do banho, na hora da comida, na hora do descanso. Em todos os momentos você precisa conectar as crianças a você e ao que está sendo proposto, para você conseguir que a turma fique mais calma e consiga entender o que você quer e faça o que você está pedindo.

Potinho da energia

Eu costumo dizer que cada criança tem um potinho de energia. Quando a criança dorme esse potinho enche e quando a criança acorda ele está cheio, transbordando de energia.

A criança chega na escola com o potinho cheio de energia e, nessa altura a professora pede para sentar e esperar a sua vez. Em muitos casos acontecem da criança esperar 4, 5, 10 crianças na frente dela para chegar a vez dela, porém a criança está com o potinho transbordando, ela está numa situação que não aguenta mais e a professora pede para ela esperar.

O que a professora faz é colocar grade no potinho da energia, porém a grade não segura a energia, pois a energia sai pelos vãos.

Essa atitude não é compatível com a necessidade da criança. Então a professora tem que fazer alguma atividade que atenda a necessidade da criança. É importante deixar as crianças gastarem a energia.

Como baixar o potinho da energia das crianças

Para baixar a energia das crianças, a atividade proposta tem que gastar energia. Seja usando o corpo, explorando o espaço, explorando o material, explorando as pessoas (no sentido de conviver, conversar e brincar com os adultos).

O que o professor não pode deixar é essa energia transbordar, pois, quando essa energia começa a transbordar a criança não tem oportunidade de gastar, ela fica irritada.

3.ª Dica: Variedade

Se você chegar todo o dia com a mesma ideia e do mesmo jeito, provavelmente as crianças não irão se conectar mais com você. As crianças precisam de repetição, porém tem que mudar alguma coisa, não pode ser exatamente igual todos os dias.

A variedade traz consigo o fator surpresa. Você pode usar variadas atividades, como, por exemplo, rodas cantada, projetos, diferentes espaços, etc.

Quando a criança pensar que vai ser tudo igual, você traz uma novidade com um novo fator surpresa.

Essas são as 3 dicas que tenho para vocês conseguirem engajar sua turma no processo, conseguir a atenção deles e se conectar com os seus alunos. Se você conseguir fazer essa conexão, automaticamente a turma ficará mais harmoniosa.

Gostou? Escreve pra mim nos comentários…

Beijo

Vivian Mazzeo

4 comentários em “Os meus alunos não param. O que fazer?”

  1. Realmente notei que tem momentos que a turma fica entediada e precisam de novas atividades, gostam de brinquedos e coisas que nunca viram antes

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  2. Gostei muito da estratégia com os combinados, realmente o ano passado fizemos cartazes com o que não se pode fazer e as crianças frizaram mais o que não podia do que as atitudes corretas.

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