Você já percebeu que seu aluno seu apresenta algum tipo de atraso, no desenvolvimento motor, alguma dificuldade na fala ou qualquer outro tipo de dificuldade que a criança demonstra no dia-a-dia?
Como devemos agir nesses casos? Você deve ou não falar? Quando e como falar?
É sobre isso que vamos falar nesse artigo.
A primeira coisa que precisamos ter em mente é que para que possamos conversar com uma família, e informar sobre alguma questão da criança, ou qualquer tipo de situação, precisamos ter um registro muito profundo e sério daquilo.
E para termos algum registro de alguma situação com a criança é imprescindível que tenhamos observado essa criança e feito anotações a respeito dessa criança.
Tomem por hábito registrar tudo, pois não podemos confiar na nossa memória sempre. Além disso o registro se torna um documento.
Eu preciso observar o meu aluno, mas esse observar tem que ser um olhar educador, não só um olhar cuidador.
Diferença entre olhar educador e cuidador:
- Olhar cuidador: é aquele que toma cuidado com a criança, principalmente da integridade física dela.
- Olhar educador: é aquele olhar mais amplo e mais profundo ao que está acontecendo, com o que a criança está brincando, o que ela está aprendendo com aquilo, o que ela poderia estar fazendo e não está, como eu posso estimular aquela criança? É o olhar de quem sabe o que está acontecendo, sabe aonde quer chegar, é o olhar que observa a criança como um explorador, um ser que aprende, um ser capaz de fazer descobertas, de cuidar de si mesmo.
Depois que eu lancei esses meus dois olhares na criança por algum tempo eu já estou pronta para fazer um registro.
Normalmente esse registro é um relatório, e nesse relatório devo colocar tudo que eu observei com relação ao desenvolvimento da criança. (Clicando aqui você encontra o meu curso ABC – Avaliação no Berçário e na Creche. Lá eu ensino o passo a passo de como fazer relatório e muitas mais.)
Olhou a criança, observou por um tempo, propôs atividades, foi fazendo as anotações, fez o relatório, aí no relatório você percebeu algum atraso ou dificuldade da criança? Talvez seja o momento de conversar com os pais.
Tenha em mente que é necessário passar um período convivendo e observando a criança, e lembrar que cada criança é única.
Depois de passar todo esse processo de coleta de informação, observação da criança e estar preparado, é preciso conversar com a família.
E como vou fazer isso?
Primeira coisa: sua postura, sua roupa, sua fala, seu cabelo, tudo isso é importante.
Devemos tomar cuidado com a nossa apresentação pessoal mesmo estando trabalhando com criança. Sua aparência, a forma como você vai chegar na frente dos pais diz muito sobre você. Também é importante falar com um vocabulário correto e manter a calma.
Esteja segura do que você vai falar, tenha tudo documentado e anotado.
É importante entender que quando vamos falar sobre alguma dificuldade, um comportamento, é um pouco mais difícil de falar, e é muito mais difícil de ouvir.
Se coloque no lugar da família.
Na maioria dos casos a família já percebeu, mesmo não querendo admitir. Tenha empatia, fale com compreensão, amor, carinho e acolhimento. Tome muito cuidado com a forma de falar.
Não fale nada para a família como se você já tivesse diagnosticado, dando o laudo da criança, apenas sugira. Diga como a criança está se sentindo, e o que está acontecendo, oriente a família a procurar uma ajuda especializada e a procurar o pediatra da criança.
Se coloque no problema junto com a família e a abrace. Coloque a escola a disposição da família. Coloque sempre a criança como precisando de ajuda.
Com relação a conversar com a família sempre deixe claro tudo que foi feito, e o que a família pode fazer, que em muitos casos é buscar ajuda de um especialista.
É nossa obrigação observar, registrar e chamar a família, a partir daí é obrigação da família. Devemos cumprir nossa responsabilidade independentemente do histórico da família.
Você deve fazer a sua parte independente do outro. Faça o melhor que você pode. Lembre-se de que suas atitudes devem ser baseadas no que você conhece e acredita.
Será falta de limites?
Outra situação que pode ocorrer é questionarmos se o problema do aluno não seria ocasionado por falta de limites dos responsáveis.
É importante observar que não sabemos o que acontece na casa das crianças.
Em muitos casos não é falta de limite, mas falta de amor.
Muitas vezes os pais não estão dedicando tempo para criança, não estão atendendo a necessidade da criança de carinho.
Sempre deixe claro para a criança que ela é importante para você. Lembre a família que é importante dedicar tempo, carinho, amor e atenção para a criança. Explique para a família sobre o comportamento da criança na escola, sempre coloque situações para a família refletir, lembre-lhes que crianças precisam de limites.
É importante deixar claro que você não está julgando a forma de criação da família, mas apenas quer ajudar a criança a se desenvolver, ser feliz e se integrar ao grupo. De maneira clara e objetiva, sem atacar ou julgar ninguém. Tudo está na forma que você fala, que você coloca.
Acusar é muito diferente de perguntar, certo?!
Lembre-se que quando você se sente incomodado por alguém te julgar de alguma forma, normalmente, você também já julgou aquela família.
Quem oferece amor, quem foca no positivo, dificilmente terá que lidar com uma pessoa te agredindo e querendo briga. Se coloque no lugar da família.
O que NUNCA devemos fazer!
Para finalizar a conversa com a família é preciso ter em mente que nunca podemos fazer nenhum tipo de comparação de uma criança com outro colega da sala.
Jamais comparem as crianças.
Quando alguém da própria família da criança estiver comparando ela com outra, você deve cortar, não caia na tentação de comparar crianças nem dentro da sala, nem para os pais.
Cada criança tem seu tempo, cada uma se desenvolve de uma forma. Foque naquela criança. Sugira que a família daquela criança procure um especialista. Não feche diagnóstico. O que você pode, e deve, é fazer relatórios e compartilhá-los quando solicitados.
Nesse relatório você vai descrever o que acontece na escola, como acontece e como está o desenvolvimento e aprendizado da criança.
Está mais segura para enfrentar essa situação?
Ficou alguma dúvida?
Me conta nos comentários….
Beijo
Vivian Mazzeo