Professores seguros e valorizados em cinco passos práticos!

Está cansado de não ter o reconhecimento que merece como professor e quer ser melhor remunerado, quer trabalhar naquela escola dos seus sonhos, quer ser um melhor profissional, mas não sabe como atingir os seus objetivos?

Então vem comigo que nós vamos conversar sobre cinco passos práticos para você ser um profissional da educação valorizado e seguro.

Primeiro quero deixar claro que os passos não estão em ordem de importância, os cinco são importantes, fundamentais e precisam ser avaliados e praticados.

Você precisa anotar quais são os cinco e, depois, refletir no seu dia a dia o que você está fazendo ou não, e colocar em prática para dar certo.

…Haaa Vivian, mas estamos na quarentena, não dá para colocar isso em prática agora, só quando voltarmos!? Você está enganado.

…Não, mas na minha escola não estamos fazendo vídeo, nem nada, então não tenho como colocar em prática!? Outro engano.

E eu vou mostrar por que.

Vamos lá….

Passo 1: Orientar e respeitar a família dos alunos.

“Vivian que esquisito eu nunca vi isso como sendo o passo número um para ser mais valorizada e ter mais segurança”. Pois é, começa abrir um pouco seus horizontes.

Se você trabalha na educação com crianças pequenas, automaticamente terá contato com as famílias porque quem lida diretamente com as questões da criança sempre é um responsável. Pode ser família, ou cuidadora, a avó, o pai, a mão, o tio, o responsável pela criança.

Sempre vamos lidar com essa pessoa.

E uma prática muito comum dos professores, de modo geral, é estar sempre julgando a família.

Querendo colocar a culpa de alguma coisa na família.

Se a criança é assim ou assado a culpa é da família, se esqueceu a mochila é porque a família é irresponsável, se chegou atrasado é porque a família não tem condições de cuidar daquela criança, a criança está tendo mau exemplo, enfim, tudo se volta contra a família.

Acontece que para fazermos nosso trabalho a primeira coisa é nos abstermos de julgamentos.

É exatamente a mesma coisa que um médico faz.

Imagine se chega uma pessoa baleada no hospital, e antes de atender, o médico vai perguntar para ela se é assaltante, criminoso, ou como foi que tomou um tiro, só depois decide atender. Não, né!

Porque ele trabalha com vidas, ele se formou para salvar vidas, e para salvar vidas ele precisa colocar todo o conhecimento dele em prática, não importa com quem seja.

É exatamente o que nós professores temos que fazer.

Nós trabalhamos e estudamos para levar conhecimento, para dar oportunidade das crianças desenvolverem todo o seu potencial, para contribuir com a educação do nosso país, para cumprir com a nossa missão de vida, para a construção de um mundo melhor, ajudando as crianças hoje para construir um amanhã.

Essas é a nossa missão.

Então para nós não importa se a mãe é folgada, se o pai bebe, se trabalham, não interessa, nada disso é problema nosso, ou faz diferença no nosso trabalho. A forma como vamos lidar com a criança, como vamos tratar aquela criança e sua família, é exatamente a mesma.

Pare de ficar conversando com a colega, ou de ficar com historinhas em salas de professores, em dias de reunião, pare com qualquer conversa que envolva a família dos alunos.

Se você não faz isso ótimo! Continua, e ajuda os outros profissionais que trabalham com você, mostra isso a eles.

Eu sempre falo que na educação não basta fazermos nossa parte, tem que carregar todo mundo, alertar os outros professores, chamar todo mundo para fazer um trabalho de qualidade, pois todos serão impactados.

Quando a maré sobe todos os barcos sobem junto.

É claro que tem sempre a nossa ação pessoal, que sempre podemos fazer diferente, ser mais valorizados, ser melhor remunerado de maneira isolada, mas tem esse movimento global também.

Esse é o primeiro ponto: orientar e respeitar os pais.

Passo 2: Gostar de crianças e saber o que fazer com elas!

Obviamente você precisa gostar de estar com criança, mas não é suficiente, você precisa saber o que fazer com elas, em uma sala de aula.

Não adianta nada falar que ama crianças, ama cuidar de bebês, cuidar de crianças bem pequenas, estar no meio deles, maravilha, esse é o primeiro passo da jornada, é importante, mas é só o primeiro.

A partir do momento que você deu o primeiro passo, e entrou em uma sala de aula, tem que olhar para aquelas crianças e saber o que fazer.

Só o cuidar, as questões assistencialistas, não bastam mais.

Até um tempo atrás isso servia, a escola era direito da família, a criança ia para escola para a família poder trabalhar. Se as pessoas só cuidassem das crianças na escola já teriam cumprido seu papel.

Hoje nós temos a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, que mostra claramente, que a escola é um direito da criança, e que o cuidar e educar andam juntos na educação infantil.

Para realizar o cuidar nós precisamos ter algum conhecimento, mesmo que seja um conhecimento prático por você já ser mãe, ou ter um irmão mais novo, em fim, mas do cuidar esse conhecimento básico até atende, para o educar é preciso muito mais.

No educar nós precisamos saber o que fazer, que atividade fazer, como vamos construir a rotina, como vamos avaliar essa criança, o que vamos falar para as crianças, como elogiar, como ensinar a guardar os brinquedos, como conduzir processos de birra, manha ou de desfralde, de todas essas questões que vemos no dia a dia.

Você precisa desse conhecimento para trabalhar com crianças de 0 a 3 anos.

Passo 3: Seja sempre profissional

Quando eu falo ser profissional isso não está relacionado com os diplomas que você tem. Você pode ser graduada, pós-graduada, etc e não ter uma postura profissional, não ser profissional.

Eu já vi pessoas trabalhando no berçário sem formação acadêmica nenhuma e muito mais profissionalismo do que uma professora formada em faculdade.

Ser profissional está relacionado com a sua atuação, com sua forma de se colocar, como você fala, o que você fala, como você se veste, como se apresenta.

Deixando claro que eu não estou falando de coisas ligadas a situações materiais, não está relacionado se a sua roupa é de marca, ou se você usa joias, nada disso, mas é uma postura que coloque o respeito e a valorização que você deseja.

Se você aparece para entregar um aluno com a roupa suja as pessoas vão vê-la de uma determinada maneira, se você aparece para entregar o aluno bem arrumada, limpa, será outra forma de te ver.

É a apresentação e como você vai se colocar, isso é fundamental.

Procure ter uma fala segura, sem gaguejar, sem falar muito baixo ou alto, uma fala com postura, seja uma pessoa que sabe o que está falando, uma pessoa que passa e sente segurança.

Temos que pensar que nós nunca vamos conseguir passar segurança para alguém se não estivermos sentindo essa segurança.

Treine o que você vai falar, pode ser na frente do espelho. Procure tomar cuidado com o vocabulário para não falar palavras erradas, articular bem as palavras para a família entender bem, e sua fala ser clara e compreensível.

Tudo isso é importante, sua aparência, a sua fala, sua postura, e não se esqueça dos prazos.

Se você falou para a família que ia mandar uma informação tal dia, você tem que mandar naquele dia, ou pelo menos, mandar uma justificativa do motivo pelo qual não está enviando.

Se a coordenadora colocou data para entregar o semanário você tem que entregar naquele dia, fazer o possível e o impossível.

Existem exceções? Existem, mas as exceções são casos do tipo fui parar no hospital, não é qualquer coisinha, temos que fazer de tudo para cumprir o prazo.

Prazos são fundamentais, tanto na nossa vida pessoal, quanto na profissional, e isso impacta na nossa valorização, na nossa postura, em quem nós somos.

Outra coisa muito importante, principalmente para quem está em vivendo esse momento de isolamento social e está enviando vídeos ou materiais para casa, é sobre as redes sociais.

Sabem um lugar que é fundamental termos uma postura profissional adequada? Nas redes sociais!

Você acha que quando começamos uma turma nova os pais dos nossos alunos não vão nos procurar nas redes sociais? Claro que vão.

Não todos, mas a maioria dos pais irá te procurar nas redes sociais.

E, muitas vezes, vão ver que você participa de grupos, e vão pedir para participar desses grupos também, seja para conhecer, para aprender, ou para ver como você se comporta lá dentro.

A coordenação, a direção, o pessoal da secretaria de educação, todos os professores, todos os educadores, todas as pessoas da educação participam, maios ou menos, dos mesmos grupos, estão nas mesmas páginas, as coisas não são separadas. Está todo mundo se vendo o tempo todo.

Eu vejo muitas pessoas que me chamam no privado para fazer perguntas, pois tem vergonha de perguntarem publicamente, como se perguntar fosse algo errado, mas tem coragem de escrever errado, tem coragem de fazer um comentário maldoso no post de uma colega.

Qual é o seu critério para participar nas redes sociais? Pare para pensar um pouco nisso.

Passo 4: Projetar a sua carreira.

Anota essa frase: “Quem não sabe para onde vai qualquer caminho serve”.

Se eu falar assim para você – “Eu pego a direita ou esquerda?”, o que você vai me perguntar? Para onde você está indo? Óbvio!

Na educação é a mesma coisa. Eu faço esse curso ou não, eu compro esse livro ou não, eu mando currículo nessa escola ou naquela, qual minha resposta para essas perguntas? Depende, o que você quer, qual o seu objetivo, aonde você quer chegar. Dependendo de onde você quer chegar são as atitudes que você tem que tomar.

Eu lembro que teve uma turma no PBS (o meu curso fechado para professores), no ano passado, e uma aluna falou para mim que tinha pegado um cartão de crédito emprestado para fazer a matrícula, pois estava desempregada e sem dinheiro, ela apostou todas as fichas no PBS porque queria conseguir um emprego. Passou um mês, ela nem tinha terminado o curso ainda, e me falou que conseguiu marcar uma entrevista na escola que queria trabalhar, e me pediu ajuda para se dar bem na entrevista, e eu orientei em tudo, desde a roupa, até o que ela tinha que falar, etc…

Enfim… Ela passou na entrevista. Até hoje ela está nesse emprego, e ela ama.

Tudo que vamos fazer, temos que pensar em qual é o nosso objetivo, o que queremos conseguir.

É uma forma de projetarmos nossa carreira.

Já parou para pensar daqui cinco anos aonde você vai estar, o que estará fazendo, daqui dez anos, daqui 15 anos?

Qual é o lugar que você quer trabalhar, o lugar que você fala “eu quero trabalhar naquela escola, é meu sonho, eu quero ser professora lá”

Tudo é possível, basta criar o seu objetivo, focar, e ter instrumentos e ferramentas para conseguir alcançar, procurar o que precisa para conseguir.

Você precisa saber aonde quer chegar, quanto você quer ganhar, qual, é a escola em que quer trabalhar, precisa definir isso para sua vida. E a partir do momento que definiu você vai lutando para conquistar. E não para até conseguir.

Algumas vezes esses passos significam refletir sobre sua postura e mudar, às vezes é fazer um curso, ou ler mais, às vezes é você se posicionar melhor nas redes sociais, então tem várias coisas que podem te levar onde você quer.

Mas como você pode projetar sua carreira? De repente eu gosto da escola que estou, mas sou ruim no relacionamento com as crianças, se elas fazem uma birra eu já fico nervosa, já quero gritar, eu preciso melhorar isso. Ótimo! Então é isso que você vai melhorar na sua carreira.

Passo 5: Buscar conhecimento constantemente.

Não tem ordem de importância aqui, mas se eu tivesse que colocar um mais importante com certeza é o cinco.

Vamos supor que você trabalhe na educação há vinte anos, trinta anos, veio a BNCC com uma nova proposta, com novas informações, e mudando um pouco a forma como os profissionais praticavam a educação. Então toda aquela sua experiência é valida, mas todo o conhecimento teórico que você tem depois da BNCC precisou ser lapidado, revisitado e refletido.

Poxa, será que eu já fazia dessa forma? Será que eu já fazia o que está dizendo aqui na BNCC? Eu já trabalhava o cuidar e o educar juntos? Garantia esses seis direitos de aprendizagem?

Professor é um ser que não pode parar de estudar nunca. Sempre tem descobertas, sempre tem coisas novas, sempre tem informações nova chegando, e nós precisamos estar cientes, conhecer e colocar em prática, precisamos refletir sobre as nossas ações.

Eu sempre falo que nós não trabalhamos com computadores, trabalhamos com vidas.

Se acontecer de queimar uma plaquinha no computador tudo bem, joga fora e compra outra, vai ter um prejuízo financeiro, mas é recuperável.

Nós trabalhamos com vidas. Se você não fizer um bom trabalho esse ano acabou, as crianças vão passar para outra turma, e irão perder aquele ano que poderia ter sido mais valioso, que poderia ter tido mais oportunidades, mais vivências, mais experiências, perdeu e não vai recuperar.

Por isso é importante que nós estejamos sempre buscando conhecimento constante, e para isso você precisa estar com pessoas que gostam de crescer, de aprender, que querem estudar, que querem fazer mais e melhor, que estão sempre atentas ao mercado, que estejam antenadas com o surgimento de novas pesquisas, de novos artigos, novos livros e informações.

 Por quê? Tem uma frase que eu gosto bastante que diz que nós somos a média das cinco pessoas que convivemos.

Você é a média das cinco pessoas com quem mais convive. Se você está convivendo com professores que reclamam constantemente, que não querem fazer um trabalho bem feito e andam sempre de cabeça baixa ou cansados, você vai ficar assim.

Por mais positiva e interessada que você seja, de uma forma ou de outra, isso vai acabar te puxando um pouco para baixo.

É fundamental estar em contato com pessoas que querem as mesmas coisas que você, que tenham os mesmos objetivos que você, que queiram aprender, ir para frente, que queiram fazer a diferença na educação do nosso país.

Se você não pode ter esse grupo na sua escola, trabalhando junto com esse grupo, que esse grupo seja no WhatsApp, no Telegram, que você tenha acesso a esse grupo de alguma forma, que você participe com essas pessoas. Porque isso ajuda, impulsiona, encoraja e traz informações.

E o que é bacana é que não dá para viver sempre só servindo, nós precisamos ser servidos também. Não dá para ficarmos só dando informação, ajudando nosso colega de trabalho, nós precisamos estar com colegas que também tragam informações, que nos ajudem, que agreguem e acrescentem.

Para encerrar vamos recapitular. Os cinco passos para você ser mais segura e mais valorizada na educação são:

  • Um: orientar e respeitar os pais.
  • Dois: gostar de estar com crianças e, principalmente, saber o que fazer com elas.
  • Três: ser profissional. Ser profissional na sua vida pessoal, ser profissional na sua vida profissional, ser profissional nas suas redes sociais, em tudo! Porque você é uma pessoa só.
  • Quatro: projetar a sua carreira. Aonde você quer chegar, quanto você quer ganhar, onde você quer trabalhar, o que você quer melhorar no seu dia a dia, quais são as competências que você quer melhorar?
  • Cinco: nunca parar de buscar conhecimento. De preferência estando com pessoas como você, que buscam os mesmos objetivos que você.

Cinco passos simples para você colocar em prática agora!

Você já fez uma faxina na sua casa, no seu guarda-roupa? Agora faz uma faxina no seu celular, nas ruas redes sociais, principalmente na sua cabeça, e tira tudo que não serve e não acrescente coisas positivas, libere espaço para entrar coisas boas!

Topa o desafio?

Beijo

Vivian Mazzeo

6 comentários em “Professores seguros e valorizados em cinco passos práticos!”

  1. Obrigada, li tudo com muita atenção e foi como se uma janela se abrise na minha mente e deixou o sol entrar e brilhar, que sensação boa, muito aprendizado muito obrigado por compartilhar ♥️

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  2. Que texto maravilhoso!
    Gratidão por tudo, vivian!
    Tenho aprendido muito com você e esse texto veio na hora certa e assim como eu, muitas pessoas precisam ler ,refletir e por em prática.
    Obrigada!

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