Vídeos, aulas e atividades para a quarentena!

Em virtude de toda essa situação do isolamento social, de videoaulas, de quarentena, eu tenho recebido muitas perguntas e pedidos de dicas sobre como ajudar os alunos, famílias e professores nesse momento.  Então, o tema de hoje é sobre isso: os vídeos, as construções das atividades, o que fazer nas aulas, e o tipo de atividades que podemos fazer nesse momento.

Lembrando que aqui nosso foco é na educação infantil, principalmente nas crianças de 0 a 3 anos.

Vídeo: o mais importante é o conteúdo!

Vamos começar falando dos vídeos.  Eu não vou ensinar especificamente como gravar porque eu já fiz um curso gratuito sobre isso, esse curso está disponível, e só tem um custo da plataforma no valor de R$ 5,00, e ainda disponibilizamos o certificado no final.

Com relação aos vídeos não basta só saber gravar, não é somente uma questão de colocar a câmera na sua frente e começar a falar, na verdade acho que essa é a parte mais fácil. O conteúdo, é o principal, é o que demanda mais trabalho e tempo para organizar, para elaborar, para planejar, para ver se é adequado para o momento, se é algo enriquecedor para seus alunos, tudo isso precisa ser levado em consideração.

 Quanto aos tipos de vídeo temos algumas opções:

  • Podemos fazer um vídeo puro, como por exemplo, se estivéssemos em uma live.
  • Outra opção e mostrar só uma tela com o áudio, ou ainda colocar uma tela de PowerPoint no fundo passando algumas imagens, e colocar nossa voz contando uma história ou falando alguma coisa. E tem a possibilidade de aparecer você nessa tela.
  • Ou existe a possibilidade de fazer apenas o áudio.

Eu faço um vídeo gravado, ou um vídeo ao vivo? Se você for fazer para o berçário, e o objetivo não é que as crianças fiquem na frente de uma tela, talvez não tenha tanto sentido fazer ao vivo. A não ser que você vá fazer um ao vivo com todos os pais, passar informação, nesse caso será muito legal.

Um vídeo ao vivo é bacana quando for para crianças maiores, para crianças que podem participar. Principalmente se você fizer em uma plataforma que você vê a criança, e ela te vê, você vai conversar e interagir de fato. Isso é algo positivo para a criança manter um vínculo com a escola e o professor.

Eu posso fazer vídeos para bebês de até 2 anos?

Uma questão que está demandando muita discussão, e eu acho que algumas pessoas estão perdendo muita energia com isso, é o seguinte: eu posso fazer vídeos para o berçário, eu posso fazer vídeos para as crianças de 0 a 2 anos?

Como poderíamos enviar algo para as crianças bem pequenas se sabemos que tanto a SBP (sociedade brasileira de pediatria), como a OMS (organização mundial da saúde), orienta que as crianças de o a 2 anos não devem ter contato com tela. A OMS fala em até um ano, e a SBP em até dois anos.

Não é indicado por vários motivos, e se você entrar no site dessas instituições vai encontrar na íntegra essas informações.

É uma norma, é uma lei, é uma regra absoluta? Não. É uma orientação.

Mas reflita que se essas entidades, que são da área da saúde, estão dizendo que isso não é bom, como nós professoras vamos fazer algo que é desaconselhável, que pode potencialmente prejudicar o bebê em vários sentidos? E quando eu falo em vários sentidos me refiro que pode prejudicar a coordenação da criança, a visão, muito mais crianças hoje em dia apresentam problemas de miopia, dentre outros fatores.

O que eu, Vivian, penso sobre isso? Já que não é legal, já que não é saudável para a criança de até dois anos ter esse contato com a tela, assistir vídeos, o que acho que seria indicado para nós professores nesse momento é fazer os vídeos, se for necessário, se a escola optar, ou se você preferir fazer vídeo, mas os vídeos podem ser direcionados para a família.

Não precisa ser algo, necessariamente, para a criança assistir. Pode ser uma orientação ou sugestão para a família, uma idéia, uma dica, para ajudar e direcionar a família a desenvolver atividades com as crianças.

Que tipo de atividades? As atividades pedagógicas que fazemos na escola.

É possível para a família fazer todas as atividades? Não, existem atividades que não dá para a família fazer, e aí cada professor vai ter que avaliar o que seria bacana para a família fazer.

Existem, também, algumas dúvidas sobre usar a definição “videoaula” quando os vídeos são para o berçário, ser algo válido.

Quanto a isso você não precisa dar um nome para o seu vídeo, pode apenas intitulá-lo como a atividade que está sugerindo, por exemplo, vídeo da “brincadeira do sapo”. Não precisa criar um rótulo para o seu vídeo.

O importante agora é conseguirmos fazer um pouco do nosso trabalho, colocando o nosso melhor, que os pais consigam receber com facilidade, que consigamos ter uma conexão entre o professor e a família, e que as crianças recebam essas atividades, essas sugestões, de alguma forma.

É muito importante manter o contato com os pais nesse momento!

 É preciso avaliar quem são meus clientes, e suas expectativas, temos escolas em que os pais não sabem ler ou escrever direito, não possuem acesso a internet, até escolas que os pais, mesmo com situação de isolamento social, estão com as babás dentro de casa.

 Existe uma diversidade muito grande de situações, e de condições, no nosso país, então é necessário que cada professor faça uma avaliação individual e minuciosa dentro da sua realidade.

Eu vou avaliar o que é benéfico para os meus alunos, e aí eu posso indicar para os pais, e fazer um vídeo para eles saberem como fazer as atividades.

Eles vão fazer como nós professores? Não.

Eu costumo falar que professor possui um olho para cada coisa, um é o olho educador, e o outro é o cuidador. O cuidador só toma conta para a criança não se machucar, ou machucar o coleguinha, ele cuida da integridade física da criança. O olho educador é o que vai observar se a criança está interagindo, os movimentos da criança, suas preferências, a coordenação motora, o desenvolvimento, etc.

Então os pais não vão fazer as atividades como os professores fazem. E o objetivo nem é esse. Os pais devem fazer atividades da forma que fazem pais, se divertindo, brincando.

Os pais vão dar oportunidades para as crianças, vão organizar um ambiente que proporcione que a criança desenvolva todo seu potencial, vão propor atividades, mas essas atividades têm que se desdobrarem de acordo com a necessidade de cada família, de acordo com a interação de cada bebê, com a interação de cada pai ou mãe, algumas casas têm avó, outras irmão, tudo isso influencia na interação. E esse, no momento, é o grande ganho. É uma forma diferente, porém é extremamente valiosa, é uma forma de interagir com a família.

É possível realizar uma avaliação na quarentena?

Vivian, mas como vai ficar a avaliação? Como vou fazer para avaliar os alunos?

Não tem avaliação.

O máximo que você pode pedir é um feedback para os pais com relação ao seu trabalho, com relação as coisas em casa, você pode perguntar a opinião deles sobre o formato, se estão conseguindo fazer, se eles possuem alguma dúvida ou dificuldade, quais são os melhores dias da semana, quantas vezes por semana estão conseguindo fazer alguma atividade, etc.

Você pode fazer perguntas e entender o contexto dos seus alunos nesse sentido. Mas não dá para querer que os pais façam a avaliação que nós faríamos na escola.

Isso não é relevante nesse momento.

Depois que retornar as aulas poderemos fazer uma avaliação diagnóstica para ver como estávamos, como estamos agora, se evoluiu, se regrediu, e o que faremos daqui para frente. Mas isso quando retornarmos.

Peça um feedback para os pais, isso vai ajudar a desenvolver o seu trabalho!

Segundo ponto que temos que definir: quantas vezes por semana eu devo mandar atividades para casa, quantos vezes por semana eu posso sugerir uma atividade?

 Isso é uma duvida de muitas pessoas, e não é uma pergunta que possamos colocar em um molde, e será igual para todos.

O melhor é o que funciona para a realidade de cada um, por isso que ter a possibilidade de receber um feedback dos pais é algo positivo. Saber se eles estão conseguindo fazer as atividades.

É fundamental para o nosso trabalho ter um retorno da família. Se eles não falarem pergunte você.

Transforme seus planos de aula em sugestões de atividades e brincadeiras

Não adianta querer preparar aulas, nesse momento, da forma que preparamos no dia a dia para fazer na escola. Até porque a proposta para a quarentena não é essa, são dicas, são sugestões, são idéias para os pais interagirem com as crianças.

A aprendizagem da criança dentro da escola se dá por “n” fatores que não tem em casa, como a interação com os colegas, a possibilidade de outro ambiente, outros materiais diferentes do que tem em casa, entre outras coisas que favorecem o desenvolvimento, a criatividade, o aprendizado, que dá a possibilidade da criança desenvolver o seu potencial. E tudo isso acontece na escola.

Em casa não temos como fazer isso. Na educação infantil não é possível ter “aula” a distancia.

Temos que facilitar as atividades, não podemos querer ter todo o contexto que propomos na escola.

Precisamos lembrar que as atividades serão feitas por pais, ou responsáveis, e não por professores.

Que o que está subentendido para você nem sempre é obvio para eles. Procure dar riqueza de detalhes, explique com carinho as possibilidades para eles poderem entender.

Pense que em casa não haverá o mesmo tempo que na escola.

Lá a criança fica por pelo menos quatro horas, em casa a pessoa que está cuidando, provavelmente, não vá dispor desse tempo para fazer atividades com a criança. Então temos que propor bem menos coisas das que tínhamos previsto fazer na escola.

Devemos pensar que existem outras formas de aprender, e quais são as formas possíveis nesse momento.

 O objetivo nesse momento em que as crianças estão em casa é interagir com a família e brincar.  E quando falamos em brincar não é sentar para fazer atividades, é brincar.

É preciso pensar em uma maneira de que tudo que pensamos para o desenvolvimento infantil vire uma brincadeira, uma maneira de trabalhar com o corpo, para que as atividades não virem algo maçante, a não ser se forem coisas de colorir e pintar que as crianças costumam gostar, com mais de 2 anos..

Você também pode sugerir aos pais que as brincadeiras simples, e conhecidas, como pega-pega, esconde-esconde, brincadeiras roda, amarelinha, etc, são sempre bem vindas, e muito indicadas.

Agora vamos falar das atividades!

Já entendi como gravar, entrei no curso gratuito de como gravar vídeos, já entendi essa questão de vídeos para crianças acima de dois anos, que para as crianças abaixo de dois não é indicado que elas tenham contato com telas, já entendi que eu tenho que passar orientações, que não estamos falando de videoaula propriamente dito, estamos falando de orientações, tudo isso foi esclarecido.

Agora o que eu vou fazer nesse vídeo? Existem muitas possibilidades para você fazer os vídeos.

Contar histórias é muito bacana. Para crianças com menos de dois anos podemos fazer um áudio, e a família pode colocar o áudio para escutar com os bebês. Para as crianças acima de dois anos podemos fazer um vídeo mostrando objetos, mostrando o livro, quem não quiser aparecer pode fazer um vídeo mostrando só a tela e a voz, com fantoche, você pode usar sua criatividade.

Se for fazer um ao vivo é muito legal colocar uma atividade, como por exemplo, a família criar palitoche com a criança, você manda os desenhos para as crianças pintarem, vai usar algum material reciclado, o que você inventar. Criou os palitoches? Na outra semana você pode contar uma história e usar os palitoches. Então você vai estar na frente da câmera, da para fazer no gravado, mas se for ao vivo é melhor ainda, e vai mostrando, cantando, etc, aí cada criança vai estar com seu palitoche, que foi uma atividade anterior, e vai brincar junto com você. Essa é uma possibilidade.

As sugestões e brincadeiras podem ser por vídeos, ou podem ser um pdf, ou ainda ser um texto, explicando como é a brincadeira, coloque uma foto, um molde, uma imagem, você pode acrescentar sugestões e informações que a família possa explicar para as crianças. Tudo vai depender da idade da criança, quanto maior ela for mais dificuldades e informações você pode acrescentar na atividade ou brincadeira.

Quando você for apenas sugerir uma atividade não é necessário gravar áudio para crianças pequenas, nem vídeos, poupe o seu tempo, da criança e da família, seja objetivo.

Para sua interação com a criança, aí sim você vai criar um vídeo, fazer uma contação de história, fazer um ao vivo. Analise seus objetivos antes de passar algo para a criança.

Uma sugestão muito bacana da qual sempre falo é a construção de brinquedos com materiais recicláveis. É possível fazer muitas coisas com itens como garrafas pet, rolinho de papelão, potinho de manteiga, caixa de leite, entre outros. Podemos enviar uma vez por semana alguma sugestão de brinquedo com materiais recicláveis. É muito fácil de encontrar na internet idéias para fazer com esses materiais. Nas redes sociais Bebê Ativo temos várias publicações com sugestões. 

Atividades com animais são sempre uma opção excelente. Você pode escolher um animal toda semana, sugerir atividades com esse animal, falar sobre o que ele come, quantas patas possui, se tem pelo, se tem asa, enfim, acrescentando informações de acordo com a idade da criança. Você pode ensinar a criança a imitar o animal, a família também pode fazer junto com a criança.

E não podemos esquecer de uma das recomendações mais importantes de atividade: música. Cantem as músicas que vocês cantam na escola, gravem os áudios, e enviem para as famílias colocarem para as crianças ouvirem, para as famílias cantarem junto com as crianças. Isso vai gerar muita conexão, as crianças vão amar, e as famílias vão ficar muito gratas. Você pode fazer músicas só em áudio, ou fazer um vídeo.

É fundamental que o professor tenha um olhar crítico para toda essa situação, e não só ouvir e dizer amém para tudo que determine a escola. Analisem as situações, coloquem em discussão, apresente sugestões e novas possibilidades.

Lembre-se: devemos manter a postura profissional mesmo na quarentena!

E para encerrar eu quero falar para vocês da dica mais importante dessa postagem: a nossa postura profissional. Ela diz muito sobre nós, então tomem muito cuidado com a postura de vocês.

Vai gravar um vídeo? Cuidado se não está usando uma roupa furada, se não está suja, sejam atentos com isso. Prestem muita atenção, também, nas palavras, na pronuncia, nos erros de português, pesquisem antes o que vão falar, observem a ortografia, se está correta.

Todo mundo erra, mas fiquem atentos, quanto mais erros pior fica a sua postura profissional, e a visão dos outros sobre nós.

Eu não estou dizendo que temos que ser perfeitos para gravar vídeos, mas existem vários erros com que devemos ter atenção como erros de imagem e de postura.

Não pensem que se vocês começaram a gravar vídeos ontem o seu vídeo vai sair perfeito, não vai, isso demanda tempo, mas isso não é relevante.

O que é importante é a sua postura no vídeo, e o conteúdo desse vídeo, o resto você vai aperfeiçoando com o tempo.

Seguimos juntas nessa. Tudo isso vai passar!

Tem alguma sugestão para contribuir com esse texto?

Escreva nos comentários…

Beijo

Vivian Mazzeo

4 comentários em “Vídeos, aulas e atividades para a quarentena!”

  1. Que maravilha! Era tudo que eu precisa para hoje! Eu penso mesmo. Não acredito em EAD para educação infantil (0a3).
    O meu papel nessa quarentena como educadora de berçário 2 é levar sugestão de atividades acessíveis para os pais é que estejam de acordo com a nossa realidade. Levar música e alegria para dentro dos lares, o momento não está fácil e por conto disso não podemos exagerar ou dificultar mais ainda para as famílias. Nem todos tem habilidades ou disponibilidade para atividades complexas. Os pais precisam de atividades fáceis e divertidas para aproveitarem da melhor maneira o tempo com seus filhos. Obrigada Vivian por iluminar nossas ideias.

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